O CRM ARTESANAL QUE MEU PAI CASTELLO PRATICAVA

 Observava meu pai chamado carinhosamente de Chico ou Seu Castello, atendendo clientes e ele já tinha a prática do relacionamento com clientes muito bem trabalhado (CRM – Costumer Relationship Management) e nem imaginava isso.

Desde que comecei a “olhar o mundo, organizar meus desejos profissionais” e trabalhar, aprendi que o “sob medida” não se aplicava somente a bens materiais produzidos para pessoas com porte especial ou que “podiam pagar”. O serviço tinha que ser assinado, e Seu Chico era bom nisso. 

Sempre de natureza simples e acolhedora, para ele todo cliente era um amigo e, campeão em orientar quando o assunto era "coisas de fazenda", ele dominava com larga vantagem. Ele mantinha costumes que ninguém tirava, alterava ou questionava.

Algumas ações do CRM (Costumer Relationship Management), ou Relacionamento com Clientes do Seu Castello:

1. Ele mantinha aquela boa e velha Ficha de Cliente com anotações de vendas e algumas "anotações  extras" que sabia que não podia deixar de mencionar em uma conversa.

2. Se o cliente precisava de algum produto para levar na fazenda fora do nosso horário de trabalho, normalmente de madrugada, nós chegávamos bem mais cedo na empresa para preparar o material e ele providenciava pessoalmente o café para receber o cliente. PS.: Eu era jovem e ficava bem mau humorada por acordar “mais” cedo, mas aprendi muito com isso........

3. Antes do cliente ir embora e durante o café, meu pai conversava muito e com isso sempre encontrava alguma necessidade que o cliente não percebeu que faria falta.

4. Sempre preocupado com as novidades de produtos agropecuários, ele lia todos os materiais que chegavam e, embora não fosse um veterinário ou agrônomo de formação, tinha a prática do aprendizado com os peões do campo e ensinou muitos profissionais com as experiências da vida real.

5. Uma outra prática interessante era a da indicação de outros fornecedores. Quando ele não tinha o produto, indicava o concorrente e anotava a informação na “ficha do cliente”. Até aí, sem novidades.... Mas, quando ele fazia novo contato com o cliente, a primeira pergunta era se o fornecedor indicado fez um bom atendimento e tinha o produto. Se sim, ótimo, mas se não, a informação era registrada na “ficha do cliente” e na “ficha daquele fornecedor: não indicar até saber o que houve”. E ele pesquisava e atualizava a resposta. E, dependendo do que houve, o "indicado" permanecia na lista ou não.

Com o tempo, fui absorvendo esse modo de trabalhar e passei a me dedicar mais ainda ao que realmente valia: “o relacionamento com os clientes” e "criar valor para ele".

O estudo e a busca constante de novas técnicas e formas de gestão passaram a fazer parte do meu modo natural de vida. 

Mas é o fato de encontrar os “ousados” que topam os desafios que invento e topam implementar, que realmente faz o salto acontecer.

Logicamente ao longo de tantas experiências, tivemos as bem-sucedidas e aquelas não deram certo, mas deram origem a alguma outra interessante.

Um dos maiores ingredientes de uma relação profissional que dá certo está vinculada à franqueza e direção real das coisas e isso se chama "criar valor para o outro". Seguir a intuição e observar o que não está visível fazem muita diferença.


Mas quero deixar "meu olhar" sobre o que pode fazer uma relação profissional “desandar”:

  • A minha, a sua e a nossa verdade. Antes de tudo, vamos observar, compreender a lógica das coisas e encontrar o melhor jeito de articular nossa evolução.
  • Os ciclos de vida e profissionais mudam e ter para onde ir é fundamental.
  • Cuidado para não desqualificar o que foi feito anteriormente pelo empresário ou, por outro profissional em nome de uma novidade só pra ganhar crédito “temporário”. Sem base, o desmoronamento é inevitável.
  • Quem realmente é influente ou autoridade raramente fala sobre isso e nem conta vantagem.

Meu pai prezava muito os amigos que fez, o papo reto e agradecia convivências sem futuro. Aprendi muito com todos os sucessos e insucessos dele e consequentemente nossos. O mundo pode até ter dado nomes mais elaborados aos formatos de trabalhar, mas continuamos sendo movidos por relacionamentos inteiros e um bom papo animado, mesmo à distância.

Portanto criar relações e história, certamente demarca a segurança dos próximos passos. E é muito gratificante ouvir: Ah, você é filha do Castello? Seu pai tem história conosco!!!.

Esse é o CRM que marca!!! E não é gerado por algoritmos ("receita" para executarmos uma tarefa ou resolver algum problema).

Até o próximo post!!!


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